Marian e Tum, Irmãs de Alma |
Num aquário, dois peixes pequenos e dourados
Vivem um tempo que jamais oscila.
Segurança perfeita, planetária,
Ausência de aflição, ingenuidade absoluta:
Um contempla a borbulha do outro.
Haverá entre ambos um rasgo de imaginação?
O que se comunicam
Com a rabanada arguta entre a folhagem?
Como se percebem eles, que viveram sempre a sós?
Será o outro uma ausência de água?
Nenhuma destas perguntas, é certo,
Abala o espaço quedo: um continua
A contemplar a silenciosa natação do outro.
/que contenha:
Ou se permite a transparência cristalina
Ou quebra-se o vidro, escorre-se a água,
Morrendo os peixes nus e abrasados
Sem nada saber do que se passa.
Flavio Aguiar
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