A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

sábado, 30 de julho de 2011

VaGaLaDas!

Vagabundas
Andam soltas por ai
Espalhando veneno
Espirrando conselhos
Que dizem nada
Que nada constroem
Melecas cúspidas
Rastro de lesmas
É só o que sabem
Só fazem o mal
Vão sofrer as conseqüências
Definhar na própria demência
Sozinhas ou acompanhadas
Vagabundas dissimuladas
Angústias
O ar se esvai dos pulmões
A fome transformada em raiva
O tapa na cara da ilusão
A garganta tapada
Cheia de mágoas
Reprimidas pela convenção
Modos que temos de seguir
Quem mandou?
Quem cumpriu?
Quero despir-me 
Do eu que me habita
Doeu meu coração.


Tum, 2006



Bléh!
Um tiro na nuca
Ou mesmo na careca
Podes me dizer nunca
Mas não é piada furreca
É a realidade crua
Só se pensa meleca
O que se vê mesmo nas ruas
Criança fumando pedra
Gente descalça pedindo moeda
E a culpa não é tua
É da sua mão esquerda!
Sai do mundo da lua
Seu palerma de Merda!

Tum Aguiar, 2005

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Crônicas de Berlim

O amargo retorno
Flávio Aguiar

Novamente vou me desculpar com leitoras e leitores, e retardar nosso anunciado jantar. É que deve registrar essa sensação de perplexidade que toma conta de mim, ao retornar à terra do sonhos de Goethe, Schiller, Thomas Mann e... da realidade do euro!
Passei uma curta e gélida temporada em S. Paulo no fim de junho/começo de julho, por obrigações profissionais e prazeres familiares (filhas, genros e netos). De volta, parece que pousei num vulcão prestes a explodir, por diferentes razões.
Primeiro, as notícias que vêm da Itália, da Espanha, da Bélgica – sem falar em Grécia, Irlanda e Portugal – não são nada boas. Discute-se quando e como, não se, a Grécia vai declarar a moratória, ou, como se diz hoje brandamente, dar default, ou ainda reestruturar a dívida. Ao mesmo tempo, prometem-se calamidades terríveis para o euro e sua zona, ou a zona em que se transformou.
Mesmo que nada aconteça, a situação é terrível, porque tudo já está acontecendo. Direitos estão sendo pulverizados a ferro e fogo, aposentadorias de idosos e sonhos de juventude estão se evaporando a olho nu, empregos estão sendo imolados nos autos-da-fé neoliberais que governos estão empurrando goela abaixo de seus povos, a democracia vem sendo espezinhada por decisões tomadas de cima para baixo e defendidas a cacetadas e bombas de gás lacrimogênio ou de “efeito moral”, apresentadas como o “amargo remédio” necessário a gente que ficou fazendo farra com dinheiro público enquanto outros labutavam piedosamente pela cartilha do capitalismo tardio. (Só que quem fez farra de fato com dinheiro público não está pagando a conta agora).
A Alemanha “próspera” parece uma ilha de tranqüilidade neste mar nevoento e encapelado; mas a gente sabe que se a Espanha e a Itália quebrarem, os bancos alemães ou irão para o beleléu ou mandarão a Alemanha para lá, apertando os cintos e as cobranças, o mesmo acontecendo na França. Por sobre isso pairam sempre as ameaças de uma extrema-direita ensandecida, coisa já palpável na Holanda, na Hungria, na Áustria, na Finlândia e ventilada em outros países, como a própria Grécia.
Como se não bastasse, explode uma crise no mundo da mídia britânica, com raízes nos Estados Unidos, Ásia e Oriente Médio. Refiro-me às investigações sobre o grupo News International Corporation (a holding), de Rupert Murdoch, que envolve tudo, da Fox News aos britânicos Times e Sun, sem falar no News of the World, que, apesar de seus 169 anos de idade teve de fechar graças à gravidade das acusações, que envolvem grampos telefônicos ilegais contra todos – até a família real britânica. Parece que havia microfones ocultos até nos bobs de sua Majestade (ou seriam os bobbies, aqueles simpáticos policiais com seus ridículos chapéus tipo côco prolongado?). Murdoch et família é um grupo que faz Mesquitas, Frias, Sirotskys e Marinhos parecerem um grupo de escoteiros ou de esquerdistas radicais. Ele apoiará, apóia e apoiou tudo o que de mais reacionário houve, há, e haverá na face da Terra, das políticas de Thatcher às de Bush, da Guerra do Iraque à Guerra contra Sindicatos na Grã-Bretanha. Se existisse, certamente apoiaria a luta civilizatória de Roma contra os escravos revoltados de Espártaco.
O premiê David Cameron entrou na dança, porque nomeara um ex-editor do News of the World, Andy Coulson, como chefe das comunicações do Partido Conservador e depois do gabinete do primeiro ministro, no famoso endereço Downing Street, no. 10!
Querem mais? Encontro a Alemanha “tranqüilizada” porque, afinal, numa notícia ainda vaga para o meu gosto, determinou-se que a cepa da Escherichia Coli que provocou uma epidemia de diarréia, com complicações renais, no sistema nervoso central e alhures no corpo, espalhando-se pela Europa a partir do norte de Alemanha, deixando atrás de si um saldo de milhares de doentes, quase mil em estado grave e quase (pelo menos) 50 mortes, veio do Egito (claro, um país do 3o. mundo!). Só que não houve epidemia no Egito, nem daí ela se espalhou, e sim na e da Alemanha. Por quê? Vá se saber...
Enfim, leitores, a situação está complicada.
Mas eu e minha mulher conseguimos dormir tranqüilos neste temível velho mundo. Por quê? Porque sabemos que, em caso de necessidade, temos uma ilha de tranqüilidade neste oceano tempestuoso onde nos refugiarmos: o Brasil!
Só dizendo, como minha avó: “êta mundo velho sem porteira!”.

14/07/2011
fotos by Tum

Cochas e Sobrecochas

aff!
Quantas laranjas
são capazes
de suprir meu suco
Vitamínico de cuidados
de você, pessoa, necessária.
Quantos vinhos são necessários
pra trazer a uva de volta.
Quantos carrapatos
Enxugarão nossas lágrimas.
Quantos piolhos nos ocupam
do adoecer da mente.
Até enxergarmos o óbvio,
A coisa mais linda;
a pessoa que
nos tira o sorriso
de onde não queria
sair...


Tum

Escrever é esquecer.



A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. 
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. 
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. 
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. 
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. 
Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.


Fernando Pessoa



talvez conversa...




(foto by faz tempo
by Léo)
ABRE A PORTA E A JANELA...
E VEM VER O SOL NASCER...
EU SOU UM PÁSSARO...
QUE VIVO AVOANDO...

domingo, 24 de julho de 2011

Fome


O que é a fome?
Quem responderia melhor;
O que já passou fome na vida,
Ou aquele que sempre come
-Quem não come,
Com certeza já sentiu
Uma fome doída,
Já se acostumou com ela,
Com o estômago vazio,
Saberá descrever
-Aquele que come,
Quanto mais come,
Mais se tem fome,
Ou vontade de comer,
Um desejo de fome;
Será que o sentimento ou o desejo
Não exageram em descreve-la?

Um dirá que a fome é ruim,
O outro quer matá-la
Quem come gosta da fome
Pra comer sem culpa
Tem gente q se culpa por sentir fome.
E o meio termo?
E o outro lado?
A fome não tem outro lado,
Só extremos?
Só o estômago sente a fome.
Não! Ele só a manifesta,
A cabeça sente?
Não! A cabeça pensa que sente.
O corpo então.
Não! Ele só reage aos seu efeitos.
A língua sente fome?

Quem sente e quem têm fome?
Os obesos tem fome,
Os raquíticos tem fome
Os bulímicos tem fome
Todo mundo a tem,
Uns mais, outros menos.
A fome é de todos, a fome é nossa!
Vamos vender a fome,
Marcianos, comprem a nossa fome!
Se querem saber como somos,
Sintam fome!
Quem possuir a fome, saberá explicá-la.
Eu só tenho,
Ou ela que me tem?

foto by tum
Italia, 2009
Tum, 2005

Tomates

Tomates verdes fritos
Ai meus tomates!
Vontade que tenho;
Pisar nos tomates
Sei que não agüento
As conseqüencias,
Não tenho tomates pra isso!
Já que não os tenho
Não vou pesá-los,
Pensar em outra coisa;
Macarrão a bolonhesa
Talvez precise
Moer algumas carnes!
Quando tiver al-dente
Tem que saber esperar,
O tempo da comédia,
Se me tacarem tomates,
Eu terei de pisá-los!



Tum, 2005

Muita Luz Azul de Trapezista

Quando as lágrimas não querem sair,
O grito entalou na garganta
E a vontade é de explodir;
Deixe-se levar, exploda, 
Desintegre; Deixe-se espalhar 
Dilualma, esparrame a lama
Que pingue nos muros da mente
Que respingue na cara da angústia
Corroendo-os, destruindo-os
E que toda essa poeira suba,
Suma no universo verdinho
E que Muita luz azul de trapezista
Ilumine todas as vidas;
Todas as ausências sentidas,
Quem sabe até a(s) minha(s)
Lágrimas voem, em acrobacias surreais,
Os gritos ecoem em pulmões florestais
E que almando colorida
Permita-se ouvir
O quanto viver é bom de mais!




Tum Aguiar

sexta-feira, 22 de julho de 2011

T.

Minha vida está de cabeça p/ cima
Com o espaço enraizado em meu crânio
Circulam pensamento vazio e sentimento frio
Em meu corpo congelado na situação ignávia
Idéias orbitam oppróbrio
Imaginário elíptico e cadente decadência

Por favor! Puxe meu pé
Aterrize minha imaginação em ti
Me vira de ponta cabeça e tudo o mais
Que Rita Lee gostaria
Me amarre de olho virado
No inconsciente eu sei ver
Do contrário ao, me preencha de ar

Use seu calor prolixo e sopre aos meus ouvidos
Indecências terrenas, prazerestrelares e
delírios lunáticos, intensos
Com as têmporas ensangüentadas,
Não necessariamente a minha
Consciência quer sentir, Modernidade liqüida
Livre-me da angústia, tire-me da bagunça
Do meu próprio ser... 


Tum, 12?11?10


quarta-feira, 20 de julho de 2011

De Não Saber

Alguns momentos eternos
Quem vai ficar, quem vai partir
Pessoas vivem nele
Loucura, obsessão
De viver
De não saber nada
Angústia do mundo
Medo da razão
Um dia vou saber
Instinto ou coração
O porque de tantas perguntas.


Tum, +- 10 anos atrás

Redação


Relações.
In de ci fra vel men te
Palavra bonita
Tem sentido?
Relacionar-se
Mas que sentido sem
I nex pli ca vel men te
Não acho, não sei
Como complicar?
A falta que sem
Relacionamento
I ro ni ca men te
Proporciona
Porção de quem
Loucura de montão
Tenta entender
Religião?
Não!! Prazer
Queremos acreditar
Bonito e barato
Será; é bom!
In ten ci o nal men te
Relacionamo-nos!
Pessoas estranhas
Nós mesmos
Os mesmos nós
Um dia terá?
Revelar-se-ia, por si só
Provar, encontrar...
Ex pe ri men tal men te
Tão é!
Difícil relacionar
O quê do porque de Q?
Mas o tempo dirá
In con di ci o nal men te
A pena?
Só o tema
A vida feita
Relações.

Tum
Poema de +- 10 anos atrás
fotos by eu

terça-feira, 19 de julho de 2011

Deus Lhe Pague

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Chico Buarque
Salvado Dali - Tentação
Portinari - Retirantes, 1944

Aquarela do Brasil

Desenho de 1950 - Atendendo a uma solicitaçao do governo americano que visava uma politica de aproximaçao com o Brasil, Walt Disney fez este desenho. Era época do final da Segunda Guerra Mundial, e o governo americano temia que o Brasil se tornasse um pais comunista. Desenho foi criada inteiramente a mão,sem computadores,efeitos digitais ou recursos mágicos do cinema de hoje.

Ziriguidum

Eu Quero

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Josto de Beigo

beijeato-te

beijo com sede de beijo
com gosto de beijo

com gosto de jão
beijo com vontade de beijo
com desejo de beijo
pode ser até no chão

pode ser de verde
pode ser de azul
pode ser de emoção

se quiser rir eu deixo
se quiser morder o queicho
se quiser todo meu coração
eu dou q nem me mecho
só exijo um beijo
e mais uma porção

e outra porção de beijo,
de desejo,
mais uma porção de você

e de jeitos com G
de tudo q oc querê

agora me beije, com j,
com g, me beije, me beija.
mas nao esqueça

agora 'já era"
tu ja estadentro
em meus braços, quem dera!

dentro do abraco, dentro do beijo
dentro de mim, mim, e vc
e os elefantes.

elegantes, e desformes, pois de duas se fez um, um prazer enorme, q voa no céu, no azul.


Os Elefantes

MUNDO



Foco de luz
Brilha sozinho
Idéias obscuras
Num labirinto desfocado

Escuros pensamentos
Num vazio claro
Ensurdecedor e pálido

Somente a fumaça
Preenche o espaço derretido
Demasiado inexistente

No seu universo
Isolado e perdido
Vive o mundo
O meu mundo lindo.



Tum,  +- 13 anos atrás

Fotos, 2011
Pitu andando pela parede!

domingo, 17 de julho de 2011

Desssvaneios

Já tem Sol
Já tem Sombra
Já tem Eu
Já tem Preguiça
Já tem Luz
Já tem Lombra
Já Tô
Já Foi
Já Fui
Já Lontra
Já que É
Já que Né
Narguilê
Narguilé
No Sol
Na Lua
Na Rua
Nua, te Quero
Pura e Crua
Pura Bobagem
Pura Sacanagem
Sua Pelagem
Arrepiada à Margem
Seca, Soca, Sulca,
Sarja, Sanha, Sonha,
Suja, Seja, Esteja,
Tenha sempre
Pra Jão;
Pra Nós,
Pra Sós
Pra lá do sul
de Minas gerais
Há Sol.
Tum

Amanheceu

O dia amanheceu...
Mas você não esta!
Onde eu estou?
Dor...
Dói o dente,
Dói a mente,
Soco no queixo
Eixo profundo de arrancar
Momentos que você não está,
Movimentos que você não vê,
Lugares que são só pra você.
Sozinha, te levo comigo
Me acompanha no peito
sem piercing, sem umbigo,
Está junto, dentro, abrigo
Te seguro, te ergo
Te salvo do abismo...
Tu és o motivo
De eu não desistir
Mais uma vez
mais um dia
mais um nada.
Do nada
se fez o nós
da soma
das ausências
Do desejo da presença
Do dia, todo dia
Que amanheça!
Você e é
Minha alegria
Minha Lindeza
não é minha
não possuo
não caminho
mas cás minha
mãos vazias
Você está preenchida
de imagem e ação
de poesia e palavrão
de mim toda
de você inteira.
Toda faceira
Te levo 
e nos teus lábios
Levito
Estás comigo
Estás junto, perto, dentro
Misturado
Mistificada
Mi estico, 
mi estaca.
onde estoca
tu entoca
Nós entorta!
Nós pratica
Nós se toca!
No dia que amanheceu...