A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

sábado, 23 de novembro de 2019

Outubro


Submergimos em nossos mundos interiores e esquecemos de levar os extintores.

Nada de cinto de segurança, nada de prevenção comportativa. Que explodam os sentidos, os amores.

Nademos neste libamentum liberatoris de momentum mirabile.

Enfim
Assim
Em mim
Borbulhas, que borbulho em conluio de ebulição.

Borbulhemos então; borboletas embabadas em voluptuosidade.
Lamba-te de minha língua lassa, lasciva, latente.
Sai da boca sem sentido, olhe um lado, um outro, Um Abismo! 


Pode pular!

Que te engulo.
Tunízia Emme

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Despiu-se

“Despiu-se das velhas crenças rasgou os preconceitos, tirou dos pés as amarras, calçou a coragem. Sua nova roupa é transparente revelando ousadia não se vestiu de ceda, se renda, nem de alinho fino vestiu-se de amor e revestiu-se de alma. Ela vive na contramão do mundo é natural que pareça ser um erro. Mas ela não se vestiu de “ceda”, não me refiro à seda tecido, e sim a ceda do verbo ceder. Ela não se vestiu de ”ceda” para ceder ás pressões do politicamente correto, corrupto. Ela não se vestiu de “renda” e não me refiro a renda tecido, mas sim a renda do verbo render
e a renda, receita, salário. Ela não se vestiu de se renda para se render ás convenções dogmáticas e não se vende a verdades absolutas, discriminatórias, carregadas de esteriótipos e intolerância. Ela não se vestiu de “alinho”, não me refiro ao linho tecido e sim ao alinho do verbo alinhar. É natural que pareça ser um erro, mas ela não se alinha ás regras e não se iguala àqueles que julgam as escolhas alheias como sendo erradas por serem diferentes das suas. Pode até parecer um erro, e ela erra muito,
mas se vestiu de amor, e não me refiro a vestes de tecido ou ao tecido da pele, pois nela o amor é sangue em movimento continuo, circula, propaga-se, renova-se. E revestida de alma vivi. No mundo, talvez, seja comum condenar os erros alheios, mas através de alguns erros é possível aprender, apreender e ensinar e ainda assim nada saber, pois o conhecimento é vivo e mutável. “

Viviane Andrade

No Te RindaS

No te rindas
No te rindas, aun estas a tiempo
de alcanzar y comenzar de nuevo,
aceptar tus sombras, enterrar tus miedos,
liberar el lastre, retomar el vuelo.

No te rindas que la vida es eso,
continuar el viaje,
perseguir tus sueños,
destrabar el tiempo,
correr los escombros y destapar el cielo.

No te rindas, por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se esconda y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque la vida es tuya y tuyo tambien el deseo,
porque lo has querido y porque te quiero.

Porque existe el vino y el amor, es cierto,
porque no hay heridas que no cure el tiempo,
abrir las puertas quitar los cerrojos,
abandonar las murallas que te protegieron.

Vivir la vida y aceptar el reto,
recuperar la risa, ensayar el canto,
bajar la guardia y extender las manos,
desplegar las alas e intentar de nuevo,
celebrar la vida y retomar los cielos,

No te rindas por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se ponga y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque cada dia es un comienzo,
porque esta es la hora y el mejor momento,
porque no estas sola,
porque yo te quiero.


En 1920 nació en Uruguay, Mario Orlando Hardy Hamlet Brenno Benedetti Farrugiaa, más conocido como Mario Benedetti, periodista y escritor perteneciente a la “Generación del 45”. A él le debemos joyas como esta

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Aonde

Quando foi que errei
Onde foi que fiquei quando deveria
ter ido
Quanto de quases eu quase usei?
Ondas furóricas careceriam de ter
saído
mas inundam meu ser
Transbordando egoísmos
que saem do espelho
pra deleite dos meus auto baixo-estímos.
e ai a vida segue 
na morada da revelia
Como sou essa ebulição de conflitos
de quando em vez me encontro
sorrindo.


Tunízia Emme

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Meios Meios

Não tenho meio Termos
Tampouco tenho termos completos
Tenho completo destempero
No meio de seres concretos.


Turmalina Antônia

Te QuierO

Te quiero porque é bom,
Aguças algo em mim, que ainda
não sei explicar.
Quiçá um dom,
Talvez um motim.
Uma maneira melhor de olhar
Pro (infra) mundo
Ao redor que em mim envolta,
Assim mesmo pleonásmico,
Um exagero necessário
Nessa história que dá
Vontade inquieta etéria
Do bem querer-te amar.


Turmalina Antônia

Te vejo este ano Ainda?

Te vejo este ano ainda? A
pergunta que nunca terá
resposta, pois pra certas
utopías inda não
desenvolveram tão clara
medicina exposta!
Mas o desejo segue, a
vontade persiste, na
imaginação se cabe, esse
dia que só Deus sabe se
existe!
Tô aqui, ainda estarei
para sempre, se achares que
dentro de ti existo. Mas
não sou exigências, um pouco
talvez, conflito!
Quando der aquele trimilique
que sobe desde o coxis até
a ponta do seu nariz, me
chame, anda! não se acanhe,
mesmo que de 
brincadeirinha me mande
mensagem dizendo;
'Hoje me senti feliz'.

Tunízia Emme

Cariño Cuántico

Te quiero, pero no nos veremos pronto.
Te quiero porque la risa es torpe, fácil y
somos increíblemente tontos.
Te quiero! pero no tanto, solo
lo suficiente para sentirnos felices en estos tiempos locos!
Qui el nosotros de hoy sea eterno en nuestros corazones.
Lo que escribo ahora no es tan sencillo,
pero es un trocito de mi intentando decifrar
un sueño que ocurre en otro plan metafísico
adentrando en el pozo cuántico.

Turmalina Antônia

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

The Chaos

Gerard Nolst Trenité - The Chaos (1922)

Dearest creature in creation
Studying English pronunciation,
   I will teach you in my verse
   Sounds like corpsecorpshorse and worse.

I will keep you, Susybusy,
Make your head with heat grow dizzy;
   Tear in eye, your dress you'll tear;
   Queer, fair seerhear my prayer.

Pray, console your loving poet,
Make my coat look new, dear, sew it!
   Just compare hearthear and heard,
   Dies and dietlord and word.

Sword and swardretain and Britain
(Mind the latter how it's written).
   Made has not the sound of bade,
   Say-saidpay-paidlaid but plaid.

Now I surely will not plague you
With such words as vague and ague,
   But be careful how you speak,
   Say: gush, bush, steak, streak, break, bleak ,

Previous, precious, fuchsia, via
Recipe, pipe, studding-sail, choir;
   Wovenovenhow and low,
   Scriptreceiptshoepoemtoe.

Say, expecting fraud and trickery:
Daughterlaughter and Terpsichore,
   Branch, ranch, measlestopsailsaisles,
   Missilessimilesreviles.

Whollyhollysignalsigning,
Sameexamining, but mining,
   Scholarvicar, and cigar,
   Solarmicawar and far.

From "desire": desirable-admirable from "admire",
Lumberplumberbier, but brier,
   Topshambroughamrenown, but known,
   Knowledgedonelonegonenonetone,

OneanemoneBalmoral,
Kitchenlichenlaundrylaurel.
   GertrudeGermanwind and wind,
   Beau, kind, kindred, queuemankind,

Tortoiseturquoisechamois-leather,
Reading, Readingheathenheather.
   This phonetic labyrinth
   Gives mossgrossbrookbroochninthplinth.

Have you ever yet endeavoured
To pronounce revered and severed,
   Demon, lemon, ghoul, foul, soul,
   Peter, petrol and patrol?

Billet does not end like ballet;
Bouquetwalletmalletchalet.
   Blood and flood are not like food,
   Nor is mould like should and would.

Banquet is not nearly parquet,
Which exactly rhymes with khaki.
   Discountviscountload and broad,
   Toward, to forward, to reward,

Ricocheted and crochetingcroquet?
Right! Your pronunciation's OK.
   Roundedwoundedgrieve and sieve,
   Friend and fiendalive and live.

Is your r correct in higher?
Keats asserts it rhymes Thalia.
   Hugh, but hug, and hood, but hoot,
   Buoyantminute, but minute.

Say abscission with precision,
Now: position and transition;
   Would it tally with my rhyme
   If I mentioned paradigm?

Twopence, threepence, tease are easy,
But cease, crease, grease and greasy?
   Cornice, nice, valise, revise,
   Rabies, but lullabies.

Of such puzzling words as nauseous,
Rhyming well with cautious, tortious,
   You'll envelop lists, I hope,
   In a linen envelope.

Would you like some more? You'll have it!
Affidavit, David, davit.
   To abjure, to perjureSheik
   Does not sound like Czech but ache.

Libertylibraryheave and heaven,
Rachellochmoustacheeleven.
   We say hallowed, but allowed,
   Peopleleopardtowed but vowed.

Mark the difference, moreover,
Between moverploverDover.
   Leechesbreecheswiseprecise,
   Chalice, but police and lice,

Camelconstableunstable,
Principledisciplelabel.
   Petalpenal, and canal,
   Waitsurmiseplaitpromisepal,

SuitsuiteruinCircuitconduit
Rhyme with "shirk it" and "beyond it",
   But it is not hard to tell
   Why it's pallmall, but Pall Mall.

Musclemusculargaoliron,
Timberclimberbullionlion,
   Worm and stormchaisechaoschair,
   Senatorspectatormayor,

Ivyprivyfamousclamour
Has the a of drachm and hammer.
   Pussyhussy and possess,
   Desert, but desertaddress.

Golfwolfcountenancelieutenants
Hoist in lieu of flags left pennants.
   Courier, courtier, tombbombcomb,
   Cow, but Cowper, some and home.

"Solder, soldier! Blood is thicker",
Quoth he, "than liqueur or liquor",
   Making, it is sad but true,
   In bravado, much ado.

Stranger does not rhyme with anger,
Neither does devour with clangour.
   Pilot, pivot, gaunt, but aunt,
   Fontfrontwontwantgrand and grant.

Arsenic, specific, scenic,
Relic, rhetoric, hygienic.
   Gooseberry, goose, and close, but close,
   Paradise, rise, rose, and dose.

Say inveigh, neigh, but inveigle,
Make the latter rhyme with eagle.
   MindMeandering but mean,
   Valentine and magazine.

And I bet you, dear, a penny,
You say mani-(fold) like many,
   Which is wrong. Say rapier, pier,
   Tier (one who ties), but tier.

Arch, archangel; pray, does erring
Rhyme with herring or with stirring?
   Prison, bison, treasure trove,
   Treason, hover, cover, cove,

Perseverance, severanceRibald
Rhymes (but piebald doesn't) with nibbled.
   Phaeton, paean, gnat, ghat, gnaw,
   Lien, psychic, shone, bone, pshaw.

Don't be down, my own, but rough it,
And distinguish buffetbuffet;
   Brood, stood, roof, rook, school, wool, boon,
   Worcester, Boleyn, to impugn.

Say in sounds correct and sterling
Hearse, hear, hearken, year and yearling.
   Evil, devil, mezzotint,
   Mind the z! (A gentle hint.)

Now you need not pay attention
To such sounds as I don't mention,
   Sounds like pores, pause, pours and paws,
   Rhyming with the pronoun yours;

Nor are proper names included,
Though I often heard, as you did,
   Funny rhymes to unicorn,
   Yes, you know them, Vaughan and Strachan.

No, my maiden, coy and comely,
I don't want to speak of Cholmondeley.
   No. Yet Froude compared with proud
   Is no better than McLeod.

But mind trivial and vial,
Tripod, menial, denial,
   Troll and trolleyrealm and ream,
   Schedule, mischief, schism, and scheme.

Argil, gill, Argyll, gill. Surely
May be made to rhyme with Raleigh,
   But you're not supposed to say
   Piquet rhymes with sobriquet.

Had this invalid invalid
Worthless documents? How pallid,
   How uncouth he, couchant, looked,
   When for Portsmouth I had booked!

Zeus, Thebes, Thales, Aphrodite,
Paramour, enamoured, flighty,
   Episodes, antipodes,
   Acquiesce, and obsequies.

Please don't monkey with the geyser,
Don't peel 'taters with my razor,
   Rather say in accents pure:
   Nature, stature and mature.

Pious, impious, limb, climb, glumly,
Worsted, worsted, crumbly, dumbly,
   Conquer, conquest, vase, phase, fan,
   Wan, sedan and artisan.

The th will surely trouble you
More than rch or w.
   Say then these phonetic gems:
   Thomas, thyme, Theresa, Thames.

Thompson, Chatham, Waltham, Streatham,
There are more but I forget 'em-
   Wait! I've got it: Anthony,
   Lighten your anxiety.

The archaic word albeit
Does not rhyme with eight-you see it;
   With and forthwith, one has voice,
   One has not, you make your choice.

Shoes, goes, does *. Now first say: finger;
Then say: singer, ginger, linger.
   Realzealmauve, gauze and gauge,
   Marriagefoliagemirageage,

Hero, heron, query, very,
Parry, tarry fury, bury,
   Dostlostpost, and dothclothloth,
   JobJobblossombosomoath.

Faugh, oppugnant, keen oppugners,
Bowingbowing, banjo-tuners
   Holm you know, but noes, canoes,
   Puisnetruismuse, to use?

Though the difference seems little,
We say actual, but victual,
   SeatsweatchastecasteLeigheightheight,
   Putnutgranite, and unite.

Reefer does not rhyme with deafer,
Feoffer does, and zephyrheifer.
   DullbullGeoffreyGeorgeatelate,
   Hintpintsenate, but sedate.

GaelicArabicpacific,
Scienceconsciencescientific;
   Tour, but our, dour, succourfour,
   Gasalas, and Arkansas.

Say manoeuvre, yacht and vomit,
Next omit, which differs from it
   Bona fide, alibi
   Gyrate, dowry and awry.

Seaideaguineaarea,
PsalmMaria, but malaria.
   Youthsouthsoutherncleanse and clean,
   Doctrineturpentinemarine.

Compare alien with Italian,
Dandelion with battalion,
   Rally with allyyeaye,
   EyeIayayewheykeyquay!

Say aver, but everfever,
Neitherleisureskeinreceiver.
   Never guess-it is not safe,
   We say calvesvalveshalf, but Ralf.

Starry, granarycanary,
Crevice, but device, and eyrie,
   Face, but preface, then grimace,
   Phlegmphlegmaticassglassbass.

Basslargetargetgingiveverging,
Oughtoust, joust, and scour, but scourging;
   Ear, but earn; and ere and tear
   Do not rhyme with here but heir.

Mind the o of off and often
Which may be pronounced as orphan,
   With the sound of saw and sauce;
   Also soft, lost, cloth and cross.

Pudding, puddle, puttingPutting?
Yes: at golf it rhymes with shutting.
   Respite, spite, consent, resent.
   Liable, but Parliament.

Seven is right, but so is even,
HyphenroughennephewStephen,
   Monkeydonkeyclerk and jerk,
   Aspgraspwaspdemesnecorkwork.

A of valour, vapid vapour,
S of news (compare newspaper),
   G of gibbet, gibbon, gist,
   I of antichrist and grist,

Differ like diverse and divers,
Rivers, strivers, shivers, fivers.
   Once, but nonce, toll, doll, but roll,
   Polish, Polish, poll and poll.

Pronunciation-think of Psyche!-
Is a paling, stout and spiky.
   Won't it make you lose your wits
   Writing groats and saying "grits"?

It's a dark abyss or tunnel
Strewn with stones like rowlockgunwale,
   Islington, and Isle of Wight,
   Housewifeverdict and indict.

Don't you think so, reader, rather,
Saying latherbatherfather?
   Finally, which rhymes with enough,
   Thoughthroughboughcoughhoughsough, tough??

Hiccough has the sound of sup...
My advice is: GIVE IT UP!

Notes on The Chaos


"The Chaos" is a poem which demonstrates the irregularity of English spelling and pronunciation, written by Gerard Nolst Trenité (1870-1946), also known under the pseudonym Charivarius. It first appeared in an appendix to the author’s 1920 textbook Drop Your Foreign Accent: engelsche uitspraakoefeningen. (From Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Chaos)

domingo, 2 de junho de 2019

Eterno CirculaR


Tu fuerza es una estatua,
pocos se percatan, pocos sienten
el agitado viento golpea, no compadece
tu pensamiento fijo en lo pactado
¿detrás de bambalinas? No!; fue al nacer.

Entre la neblina y un remolino de colores
el acompañante solo lo puede ser si esta
dentro como el impulso sanguíneo
la llave, la puerta y la entrada a lo imposible.

Entre la gente te vi
la sonrisa, lo burlesco, lo inteligente
como espada que se asoma, el cabello de mamá
y la latente preocupación que te regresa a lo civil
no a la tierra.

Aunque la tentación de dejar los aires existió
no pasara, no ahora, existirás sin alas pero no con vida.

           


Juanpe Carvajal
Vera Cruz - Mexico 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Aô saudade!!! .


Sou metade gente, metade cavalo, se não dou coice, te aponto meu arco! mas piso com a leveza das nuvens nos campos do céu estrelado. Na terra vivo mas nem sempre me encaixo. Aqui estou e nem sempre é o que desapareci, nonde o quando qüanda e o para sempre prasempre se ri! 


Turmalina Antônia 

domingo, 19 de maio de 2019

Creep

Creep
Radiohead
When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
And I wish I was special
You're so fuckin' special
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
I don't care if it hurts
I want to have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fuckin' special
I wish I was special
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
She's running

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Borbulhas




Num aquário, dois peixes pequenos e dourados
Vivem um tempo que jamais oscila.
Segurança perfeita, planetária,
Ausência de aflição, ingenuidade absoluta:
Um contempla a borbulha do outro.
Haverá entre ambos um rasgo de imaginação?
O que se comunicam
Com a rabanada arguta entre a folhagem?
Como se percebem eles, que viveram sempre a sós?
Será o outro uma ausência de água?
Nenhuma destas perguntas, é certo,
Abala o espaço quedo: um continua
A contemplar a silenciosa natação do outro.

O mundo ali é radical, por menos água
/que contenha:
Ou se permite a transparência cristalina
Ou quebra-se o vidro, escorre-se a  água,
Morrendo os peixes nus e abrasados
Sem nada saber do que se passa.


Flavio Aguiar

quinta-feira, 16 de maio de 2019

As linhas da minha mão

As linhas da minha mão
Vão crescendo se
alongando conforme
os anos vão me passando.
Vão fazendo seu
caminho confundindo
minha história influindo
o curso do meu rio.
As linhas da minha mão
Caminham sozinhas
enquanto eu fico
olhando falo
ouvindo finco
finjindo farofa.
Elas escrevem
roteiro que sigo,
elas seguem a
vida que vivo.
As linhas da minha mão
Vão e vem,
vêem e calam
em calos momentos
escolhidos a dedo,
do trapézio enquadrado,
do volante ao portô.
É esta simbiose que mudo
e que muda o que sigo
e me segue onde fico.
Como sangue na palma
da alma da minha mão.


Turmalina Antônia

terça-feira, 7 de maio de 2019

Simples Desejo

Que tal abrir a porta do dia,dia
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar,
Pensar em nada…
Legal ficar sorrindo à toa,toa
Sorrir pra qualquer pessoa
Andar sem rumo na rua
Pra viver e pra ver
Não é preciso muito
Atenção, a lição
Está em cada gesto
Tá no mar, tá no ar
No brilho dos seus olhos
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só tenho um simples desejo
Hoje eu só quero que o dia termine bem
Hoje eu só quero que o dia termine muito bem
 
Composição: Daniel Carlomagno e Jair Oliveira

segunda-feira, 6 de maio de 2019

TRISTEZAS DE UM QUARTO MINGUANTE

Quarto Minguante! E, embora a lua o aclare,
Este Engenho Pau d'Arco é muito triste...
Nos engenhos da várzea não existe
Talvez um outro que se lhe equipare!

Do observatório em que eu estou situado
A lua magra, quando a noite cresce,
Vista, através do vidro azul, parece
Um paralelepípedo quebrado!

O sono esmaga o encéfalo do povo.
Tenho 300 quilos no epigastro...
Dói-me a cabeça. Agora a cara do astro
Lembra a metade de uma casca de ovo.

Diabo! Não ser mais tempo de milagre!
Para que esta opressão desapareça
Vou amarrar um pano na cabeça1
Molhar a minha fronte com vinagre.

Aumentam-se-me então os grandes medos.
O hemisfério lunar se ergue e se abaixa
Num desenvolvimento de borracha,
Variando à ação mecânica dos dedos!

Vai-me crescendo a aberração do sonho.
Morde-me os nervos o desejo doudo
De dissolver-me, de enterrar-me todo
Naquele semicírculo medonho!

Mas tudo isto é ilusão de minha parte!
Quem sabe se não é porque não saio
Desde que, 6.ª-feira, 3 de maio,
Eu escrevi os meus Gemidos de Arte?!

A lâmpada a estirar línguas vermelhas
Lambe o ar. No bruto horror que me arrebata,
Como um degenerado psicopata
Eis-me a contar o número das telhas!

- Uma, duas, três, quatro... E aos tombos, tonta
Sinto a cabeça e a conta perco; e, em suma,
A conta recomeço, em ânsias: - Uma...
Mas novamente eis-me a perder a conta!

Sucede a uma tontura outra tontura.
- Estarei morto?! E a esta pergunta estranha
Responde a Vida - aquela grande aranha
Que anda tecendo a minha desventura! -

A luz do quarto diminuindo o brilho
Segue todas as fases de um eclipse...
Começo a ver coisas de Apocalipse
No triângulo escaleno do ladrilho!

Deito-me enfim. Ponho o chapéu num gancho.
Cinco lençóis balançam numa corda,
Mas aquilo mortalhas me recorda,
E o amontoamento dos lençóis desmancho.

Vêm-me á imaginação sonhos dementes.
Acho-me, por exemplo, numa festa...
Tomba uma torre sobre a minha testa,
Caem-me de uma só vez todos os dentes!

Então dois ossos roídos me assombraram...
- "Por ventura haverá quem queira roer-nos?!
Os vermes já não querem mais comer-nos
E os formigueiros lá nos desprezaram".

Figuras espectrais de bocas tronchas
Tornam-me o pesadelo duradouro...
Choro e quero beber a água do choro
Com as mãos dispostas á feição de conchas.

Tal urna planta aquática submersa,
Antegozando as últimas delicias
Mergulho as mãos - vis raízes adventícias -
No algodão quente de um tapete persa.

Por muito tempo rolo no tapete,
Súbito me ergo. A lua é morta. Um frio
Cai sobre o meu estômago vazio
Como se fosse um copo de sorvete!

A alta frialdade me insensibiliza;
O suor me ensopa. Meu tormento é infindo...
Minha família ainda está dormindo
E eu não posso pedir outra camisa!

Abro a janela. Elevam-se fumaças
Do engenho enorme. A luz fulge abundante
E em vez do sepulcral Quarto Minguante
Vi que era o sol batendo nas vidraças.

Pelos respiratórios tênues tubos
Dos poros vegetais, no ato da entrega
Do mato verde, a terra resfolega
Estrumada, feliz, cheia de adubos.

Côncavo, o céu, radiante e estriado, observa
A universal criação. Broncos e feios,
Vários reptis cortam os campos, cheios
Dos tenros tinhorões e da úmida erva.

Babujada por baixos beiços brutos,
No húmus feraz, hierática, se ostenta
A monarquia da árvore opulenta
Que dá aos homens o óbolo dos frutos.

De mim diverso, rígido e de rastos
Com a solidez do tegumento sujo
Sulca, em diâmetro, o solo um caramujo
Naturalmente pelos mata-pastos.

Entretanto, passei o dia inquieto,
A ouvir, nestes bucólicos retiros
Toda a salva fatal de 21 tiros
Que festejou os funerais de Hamleto!

Ah! Minha ruína é pior do que a de Tebas!
Quisera ser, numa última cobiça,
A fatia esponjosa de carniça
Que os corvos comem sobre as jurubebas!

Porque, longe do pão com que me nutres
Nesta hora, oh! Vida em que a sofrer me exortas
Eu estaria como as bestas mortas
Pendurado no bico dos abutres!

Augusto do Anjos

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Um Pouco Antes

 rumbo ao desconhecido...

1-
       quando queres despertar de la 
realidade e quedar-se en el sueño de ayer...
 Esta Padre
 Esta Chido
 Esta Chingón...
       quando a ficção faz mais sentido.
 Quando o sonho é mais bonito

2-
 Uma vida almejando o
                                      futuro
aquele que nunca chega
        Porque sempre será futuro.
Como estar feliz com o presente(?),
com o ausente, com o que se sente
 RETICÊNCIAS
era onde queria estar,
Quiçá é onde estou e não sei passar,
pro lado de lá, pra baixo da virgula,
depois do parágrafo,
mudar a página,
terminar o
capítulo.
(...) olvidar-se até matar-se (...)

3-
 Queria ler, mas esqueci o livro,
então só me resta escrever, mas
já perdi, não tenho prática,
Já confundo undo hondo .
       Queria saber cantar, amar, ar.
 Mas a voz me falta e a afinação
                                           também
incluso para amar, ar
         sempre me faltar        ar
Quando o almejo almeja o mar,
o ar se vai, o milho brota e o palito afunda.
 Confundo os olhos de quem não sabe o que vê,
ou não vê o que apenas enxerga, apenas
chega e nunca que espera.
         Estaca fincada na cara.

4-
 Mudando de assunto
Quem sabe do mundo?
        Eu não sei,
nem sei que nada sei, enfim
afim de que passe algo passado,
presente, futuro...
mas o furo segue na garganta daqueles
que não conseguem espelhar palavras
imprimidas na mente demente de de quem
                                                         vos falar

5 e 6-
 Desenhos de Tum Aguiar

Tunízia Emme

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Como olvidar lo que nunca Pasó



Pode ser que nunca mais nos vemos,
Nunca mais nos falamos y
Quisá Nunca mais nos queremos.

Mas é certo que, num ponto, os nós conectamos
... Nas estrelinhas nos entendemos...
N’algum plano uni-quântico nos encontramos.

E isso ficará,
Sem tempo verbal declarado,
Nossa apócrifa Darvaza!

Essa pausa guardada na memória 
Uma virgula de nossa história 
Que nunca será contada. 


Turmalina Antônia