A chuva escorre na vidraça: na rua, o vento uiva.
A geme, na árvore dobrada.
Lembrança - o vento pertence ao campo.
O que vi: o campo verde, minado pelo cinzento.
Uma rês geme, vagabunda, gotejante: o vento
/a corta, como faca.
Estranha faca: gelo e água.
O vento nasce e morre no horizonte: o mundo
/é curto.
E no entanto o tempo passa:
Do campo, o vento chega arrefecido na cidade.
Protegido no copo de conhaque, divirto-me
/com os desenhos abstratos
Que desenhas em gotas na vidraça
E no entanto o vento uiva, mesmo na cidade:
/tem presente seu passado.
Mais estranho: o mundo é curto, o vento
/nasce e morre no horizonte:
E sempre segue o rumo norte.
Aquarela Tum Aguiar |
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