A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

sábado, 6 de dezembro de 2014

escreve um

escreve um de improviso
com o dedo enfiado no olho
e a boca calada de medo

escreve um de soslaio
com o coração em /frangalhos
só que não é bem verídico

escreve um de bobeira
com a mão onde bem queira
e os pés de sandália /rasteira

escreve um de jornada
com a vida bem lascada
só que é uma mentira /danada...

Tunízia M.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Shhh

Silêncio
Assim eu penso
Assim eu danço
Assim descanso





Silêncio
Sou só espírito
Sou ser empírico
Sou sim simplório




Silêncio
Assim balança
Assim de balaio
Assim me alcança




Silêncio
É meu refúgio
É um incógnito
É meu mistério




Silêncio
Assim sou santa
Assim sai tato
Assim sem manta




Silêncio
Aos meus ouvidos
Aos meus encantos
Aos meus amigos.



Tunízia M.


Fotos: Espetáculo Tempo Ausente - Sesc Campinas 
Grupo Ares e Pedra Branca (SP) ocupam a Estação Cultura
Fotos: Juliana Hilal.
#cidadeocupada)

A tinta AdentrA

Tattoo de Wagnão Tat2


A vida
Enquanto canta
Em contos
E desce
E sobe
E conflita.
Há Cântaros cálidos
Que vem
E destrói

O que vinha.

Turmalina Antônia

SinaiS

Por Flavio Aguiar

A girar, sem pé, nem cabeça
teu grito me atravessa 
e chega a lugar nenhum
és uma pulsão de espaço
a lua é morta
e seu brilho oculta
a densa morte da matéria
em seu lugar, em vão
buscamos decifrar cristais
dispersos pelos confins
eu te abraço
a matéria levou incontidos séculos
para desenhar tua boca
a densa vida, a matéria
que nos reduzirá a pó
vejo o esgar de tua boca
as mãos os passos apressados
teu ganhar tua vida
o prazer, a matéria é muita
e tem confins de congelado calor
buracos negros que nos queimam
explosões que não se ouvem mais
a força de me roçar tua pele
a extraordinária força de me sorrir em ti
de me dizer sim, de me dizer não
a matéria tem a força de teu peso
/sob o meu
é a matéria que grita em minha boca
e que arqueja em plena tua
/matéria nua
vamos a lugar nenhum
perdidos no ardor da noite
viajando pelos anos-luz
ardamos de calor e brilho
a noite é imensa
os viajores amam os sinais


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

minuano

Por Flavio Aguiar

A chuva escorre na vidraça: na rua, o vento uiva.
A geme, na árvore dobrada.
Lembrança - o vento pertence ao campo.
O que vi: o campo verde, minado pelo cinzento.
Uma rês geme, vagabunda, gotejante: o vento
/a corta, como faca.
Estranha faca: gelo e água.
O vento nasce e morre no horizonte: o mundo
/é curto.
E no entanto o tempo passa: 
Do campo, o vento chega arrefecido na cidade.
Protegido no copo de conhaque, divirto-me
/com os desenhos abstratos
Que desenhas em gotas na vidraça
E no entanto o vento uiva, mesmo na cidade:
/tem presente seu passado.
Mais estranho: o mundo é curto, o vento
/nasce e morre no horizonte:
E sempre segue o rumo norte.
Aquarela
Tum Aguiar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Como?

Caravelas
Carcomidas
Cozidas
Com Cascas Claras
Cerâmicas
Quebradas
Coladas
Com Cacos Castanhos
Cabelos
Cacheados
Cortados
Com Coifas Queimadas
Qués
Coisas
Caladas
Como Cocos Colhidos

no pé

Turmalina Antônia

São P.

São Paulo
não me consome;
Me some.

Tunízia M.