A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Aô saudade!!! .


Sou metade gente, metade cavalo, se não dou coice, te aponto meu arco! mas piso com a leveza das nuvens nos campos do céu estrelado. Na terra vivo mas nem sempre me encaixo. Aqui estou e nem sempre é o que desapareci, nonde o quando qüanda e o para sempre prasempre se ri! 


Turmalina Antônia 

domingo, 19 de maio de 2019

Creep

Creep
Radiohead
When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
And I wish I was special
You're so fuckin' special
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
I don't care if it hurts
I want to have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fuckin' special
I wish I was special
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
She's running

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Borbulhas




Num aquário, dois peixes pequenos e dourados
Vivem um tempo que jamais oscila.
Segurança perfeita, planetária,
Ausência de aflição, ingenuidade absoluta:
Um contempla a borbulha do outro.
Haverá entre ambos um rasgo de imaginação?
O que se comunicam
Com a rabanada arguta entre a folhagem?
Como se percebem eles, que viveram sempre a sós?
Será o outro uma ausência de água?
Nenhuma destas perguntas, é certo,
Abala o espaço quedo: um continua
A contemplar a silenciosa natação do outro.

O mundo ali é radical, por menos água
/que contenha:
Ou se permite a transparência cristalina
Ou quebra-se o vidro, escorre-se a  água,
Morrendo os peixes nus e abrasados
Sem nada saber do que se passa.


Flavio Aguiar

quinta-feira, 16 de maio de 2019

As linhas da minha mão

As linhas da minha mão
Vão crescendo se
alongando conforme
os anos vão me passando.
Vão fazendo seu
caminho confundindo
minha história influindo
o curso do meu rio.
As linhas da minha mão
Caminham sozinhas
enquanto eu fico
olhando falo
ouvindo finco
finjindo farofa.
Elas escrevem
roteiro que sigo,
elas seguem a
vida que vivo.
As linhas da minha mão
Vão e vem,
vêem e calam
em calos momentos
escolhidos a dedo,
do trapézio enquadrado,
do volante ao portô.
É esta simbiose que mudo
e que muda o que sigo
e me segue onde fico.
Como sangue na palma
da alma da minha mão.


Turmalina Antônia

terça-feira, 7 de maio de 2019

Simples Desejo

Que tal abrir a porta do dia,dia
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar,
Pensar em nada…
Legal ficar sorrindo à toa,toa
Sorrir pra qualquer pessoa
Andar sem rumo na rua
Pra viver e pra ver
Não é preciso muito
Atenção, a lição
Está em cada gesto
Tá no mar, tá no ar
No brilho dos seus olhos
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só tenho um simples desejo
Hoje eu só quero que o dia termine bem
Hoje eu só quero que o dia termine muito bem
 
Composição: Daniel Carlomagno e Jair Oliveira

segunda-feira, 6 de maio de 2019

TRISTEZAS DE UM QUARTO MINGUANTE

Quarto Minguante! E, embora a lua o aclare,
Este Engenho Pau d'Arco é muito triste...
Nos engenhos da várzea não existe
Talvez um outro que se lhe equipare!

Do observatório em que eu estou situado
A lua magra, quando a noite cresce,
Vista, através do vidro azul, parece
Um paralelepípedo quebrado!

O sono esmaga o encéfalo do povo.
Tenho 300 quilos no epigastro...
Dói-me a cabeça. Agora a cara do astro
Lembra a metade de uma casca de ovo.

Diabo! Não ser mais tempo de milagre!
Para que esta opressão desapareça
Vou amarrar um pano na cabeça1
Molhar a minha fronte com vinagre.

Aumentam-se-me então os grandes medos.
O hemisfério lunar se ergue e se abaixa
Num desenvolvimento de borracha,
Variando à ação mecânica dos dedos!

Vai-me crescendo a aberração do sonho.
Morde-me os nervos o desejo doudo
De dissolver-me, de enterrar-me todo
Naquele semicírculo medonho!

Mas tudo isto é ilusão de minha parte!
Quem sabe se não é porque não saio
Desde que, 6.ª-feira, 3 de maio,
Eu escrevi os meus Gemidos de Arte?!

A lâmpada a estirar línguas vermelhas
Lambe o ar. No bruto horror que me arrebata,
Como um degenerado psicopata
Eis-me a contar o número das telhas!

- Uma, duas, três, quatro... E aos tombos, tonta
Sinto a cabeça e a conta perco; e, em suma,
A conta recomeço, em ânsias: - Uma...
Mas novamente eis-me a perder a conta!

Sucede a uma tontura outra tontura.
- Estarei morto?! E a esta pergunta estranha
Responde a Vida - aquela grande aranha
Que anda tecendo a minha desventura! -

A luz do quarto diminuindo o brilho
Segue todas as fases de um eclipse...
Começo a ver coisas de Apocalipse
No triângulo escaleno do ladrilho!

Deito-me enfim. Ponho o chapéu num gancho.
Cinco lençóis balançam numa corda,
Mas aquilo mortalhas me recorda,
E o amontoamento dos lençóis desmancho.

Vêm-me á imaginação sonhos dementes.
Acho-me, por exemplo, numa festa...
Tomba uma torre sobre a minha testa,
Caem-me de uma só vez todos os dentes!

Então dois ossos roídos me assombraram...
- "Por ventura haverá quem queira roer-nos?!
Os vermes já não querem mais comer-nos
E os formigueiros lá nos desprezaram".

Figuras espectrais de bocas tronchas
Tornam-me o pesadelo duradouro...
Choro e quero beber a água do choro
Com as mãos dispostas á feição de conchas.

Tal urna planta aquática submersa,
Antegozando as últimas delicias
Mergulho as mãos - vis raízes adventícias -
No algodão quente de um tapete persa.

Por muito tempo rolo no tapete,
Súbito me ergo. A lua é morta. Um frio
Cai sobre o meu estômago vazio
Como se fosse um copo de sorvete!

A alta frialdade me insensibiliza;
O suor me ensopa. Meu tormento é infindo...
Minha família ainda está dormindo
E eu não posso pedir outra camisa!

Abro a janela. Elevam-se fumaças
Do engenho enorme. A luz fulge abundante
E em vez do sepulcral Quarto Minguante
Vi que era o sol batendo nas vidraças.

Pelos respiratórios tênues tubos
Dos poros vegetais, no ato da entrega
Do mato verde, a terra resfolega
Estrumada, feliz, cheia de adubos.

Côncavo, o céu, radiante e estriado, observa
A universal criação. Broncos e feios,
Vários reptis cortam os campos, cheios
Dos tenros tinhorões e da úmida erva.

Babujada por baixos beiços brutos,
No húmus feraz, hierática, se ostenta
A monarquia da árvore opulenta
Que dá aos homens o óbolo dos frutos.

De mim diverso, rígido e de rastos
Com a solidez do tegumento sujo
Sulca, em diâmetro, o solo um caramujo
Naturalmente pelos mata-pastos.

Entretanto, passei o dia inquieto,
A ouvir, nestes bucólicos retiros
Toda a salva fatal de 21 tiros
Que festejou os funerais de Hamleto!

Ah! Minha ruína é pior do que a de Tebas!
Quisera ser, numa última cobiça,
A fatia esponjosa de carniça
Que os corvos comem sobre as jurubebas!

Porque, longe do pão com que me nutres
Nesta hora, oh! Vida em que a sofrer me exortas
Eu estaria como as bestas mortas
Pendurado no bico dos abutres!

Augusto do Anjos

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Um Pouco Antes

 rumbo ao desconhecido...

1-
       quando queres despertar de la 
realidade e quedar-se en el sueño de ayer...
 Esta Padre
 Esta Chido
 Esta Chingón...
       quando a ficção faz mais sentido.
 Quando o sonho é mais bonito

2-
 Uma vida almejando o
                                      futuro
aquele que nunca chega
        Porque sempre será futuro.
Como estar feliz com o presente(?),
com o ausente, com o que se sente
 RETICÊNCIAS
era onde queria estar,
Quiçá é onde estou e não sei passar,
pro lado de lá, pra baixo da virgula,
depois do parágrafo,
mudar a página,
terminar o
capítulo.
(...) olvidar-se até matar-se (...)

3-
 Queria ler, mas esqueci o livro,
então só me resta escrever, mas
já perdi, não tenho prática,
Já confundo undo hondo .
       Queria saber cantar, amar, ar.
 Mas a voz me falta e a afinação
                                           também
incluso para amar, ar
         sempre me faltar        ar
Quando o almejo almeja o mar,
o ar se vai, o milho brota e o palito afunda.
 Confundo os olhos de quem não sabe o que vê,
ou não vê o que apenas enxerga, apenas
chega e nunca que espera.
         Estaca fincada na cara.

4-
 Mudando de assunto
Quem sabe do mundo?
        Eu não sei,
nem sei que nada sei, enfim
afim de que passe algo passado,
presente, futuro...
mas o furo segue na garganta daqueles
que não conseguem espelhar palavras
imprimidas na mente demente de de quem
                                                         vos falar

5 e 6-
 Desenhos de Tum Aguiar

Tunízia Emme

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Como olvidar lo que nunca Pasó



Pode ser que nunca mais nos vemos,
Nunca mais nos falamos y
Quisá Nunca mais nos queremos.

Mas é certo que, num ponto, os nós conectamos
... Nas estrelinhas nos entendemos...
N’algum plano uni-quântico nos encontramos.

E isso ficará,
Sem tempo verbal declarado,
Nossa apócrifa Darvaza!

Essa pausa guardada na memória 
Uma virgula de nossa história 
Que nunca será contada. 


Turmalina Antônia