A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

domingo, 21 de julho de 2013

simplessim

(...)
 "O que ocorre na realidade quando você morre é que seu cérebro para de trabalhar e seu corpo apodrece, como aconteceu com o Coelho, quando ele morreu, e nós enterramos na terra, nos fundos do jardim. E todas suas moléculas foram partidas em outras moléculas que se misturam à terra, são comidas por vermes e vão para as plantas, e se a gente cava no mesmo lugar, dez anos depois, não vai encontrar nada, exceto o esqueleto. E mil anos depois, o esqueleto também desaparece. Mas, tudo bem, sendo assim, porque ele é parte das flores, da macieira e dos arbustos.
 Quando as pessoas morrem, às vezes, são colocadas em caixões, o que significa que elas não se misturam com a terra por bastante tempo, até a madeira do caixão apodrecer.
Mas a Mãe foi cremada. Isso significa que ela foi colocada num caixão e queimada e virou pó, e depois cinza e fumaça. Eu não sei o que acontece com a cinza e não pude perguntar no crematório porque não fui ao funeral. Mas a fumaça sai pela chaminé, entra no ar e tem vezes que eu procuro no céu e fico achando que há moléculas da Mãe lá em cima, ou nas nuvens sobre a África ou sobre a Antártida, ou caindo como chuvas nas florestas tropicais do Brasil, ou como neve em algum lugar."
 (...)


Trecho do Livro O estranho caso do cachorro morto de Mark Haddon

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