A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sorriso


"Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.

O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.

Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.

O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso."

José Saramago

Saidera

A saidera?
Conversa vai conversa vem
E ai, a saidera?
Risadas, olhares, desejos
Vamos pedir a saidera?
Caidera, emborera, ultimera,
Que tal a saidera?
Que tal pegar na minha mão?
Mais uma saidera?
Porque ainda não tomou a iniciativa?
Tomemos a saidera?
Ainda demora...
A saidera por favor!


Tum

PURO

O puro é seu?
Vê o cardápio por favor.
Quando meus pensamentos são impuros,
Eles estão com açúcar ou adoçante?
Quando a vida ta sem sal,
Ela ta doce?
Mamão com açúcar,
É uma cagada?
Estou olhando o cardápio,
E dai?!
Se nenhuma das opções me agradar,
É só por sal e sair?
Ver borbulhar as indignações,
Derreter as objeções,
Ver sucumbir as ambições,
Me vê mais um puro por favor!
Tum

Alguns dias atrás

Quantas lágrimas ainda tem que cair?
É tudo culpa minha mesmo?
Será que eu sou a única iludida?
Com a vida, com meu podre dedo imã?
Porque insisto nas rimas?
Porque insisto em mim...?
Só sobrou o reflexo
Só sobrou a mente sem nexo
Só sobrou alguns dias de sexo
Só sobrou o só...
Porque essas modelétes usam essas roupas tão feias?
Porque tem gente que não tira as meias?
E essa vontade de rir?



Tum
Alguns dias atras

Dias de ausência

Tum
Hoje eu voei e cai
A troca de olhares,
As mãos que não vi.
Hoje errei o caminho
E nada aprendi.
Dia lindo, mas,
Assim mesmo,
Sem sentido,
Era pro outro lado 
Que queria ir!
Tudo de bom,
Tudo deu errado,
Na verdade tudo certo,
Na verdade tudo indo.
Vontade de sumir,
Fluindo dias ausentes de
Meu próprio controle.
Coxinha?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Quando me Sinto o Prato do Dia

Pode até começar com a entrada,

Primeiro um pãozinho...


E alguma bebida de bolinha.

Na segunda, 

Já estou virada à paulista!


Com a costela em brasa


E a cabeça no Jiráia.

Na terça parte 

É melhor  seu bife dar um role,

Se não a milanesa vai piá!

Na quarta vez ,

Venha com a feijoada completa

Pois se não, a carne pode assar!

Quando engatar a quinta,

Ai, já parece à parmeginana,

Enrolados como macarrão com frango

E a batata vai ta fritando.

Na sexta, 

Pode até pedir água, mas

Não me venha mole como um filé de peixe

Porque vai levar rabada!

E se me combinar direitinho,

Terá todo o Sábado

Todo meu caldinho e

Minha feijoada apimentada!





Tum

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O verbo no infinito



Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...


Vinicius de Moraes

terça-feira, 23 de agosto de 2011

GOSTARIA DE ME ENCAIXAR NO REFLEXO DO ESPELHO QUE VEJO
AH! ESSAS ILUSÕES IDIÓTICAS!
É UM SEI LÁ QUE VEM E SEI LÁ QUANDO QUE VAI...
TALVEZ ESTEJA OLHANDO PRO LADO ERRADO DO ESPELHO (DESEJO?)
AH! ESSAS AUTO-INCONSCIÊNCIAS!
É UMA INSPIRAÇÃO QUE VEM, É UMA EXPIRAÇÃO QUE VAI...

Memórias de um cão velho...

De manhã
A meleca na pia
Do banheiro diferente


O dia
Se mistura na parede
Fria do quarto grande


madrugada sala 
Vendaveia folhas secas
Esquecidas em chão de areia



Se esconde,
Vive o Sotam, se disfarça,
Voa com seu segredo ardente


A sombra avarandada
Se move, esquiva-se
Como um gato sorridente


Pingando sozinha
Lá no fundo desmemoriada
Uma enluarada cozinha


O cachorro ladra
Deitado na porta esgueirada
Sonhando épocas em que a casa habitava...


(Tum , 
1a versão de +- 15 anos atras, 
modificada por +- agora...)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

BUSS

Estou tendo atitudes estranhas
Estou mostrando mais q a encomenda
Estou num drama e num poema
Estou sob a luz e debaixo dela
Estou me sentindo uma  gazela

Mão no meu peito não deixa respirar
Mão no meu peito duvida da dúvida
Mão no meu peito faz vontade de chorar
Mão no meu peito sufoca a saída
Mão no meu peito engasgada vontade cantar

Desenho, caneta, papel, palavra...
Não é suficiente
Não transborda
Não resolve
Não melhora...

HAAAH!


Tum
fimzim de 2010

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Arroto da Menina Mosca

Quando somos Lixo
O  Escárnio da boca sem dente
O excremento do bicho
Que pensamos insistentemente
Acreditamos acreditar acreditando
Aquela conversa que engolimos à Seco
Quando nascemos no mundo já perdido
Já bonecos mantidos à Vácuo
Já pessoa 'se achando' que é gente
Que não passa de Bosta
O travesso do tropeço da 'blasfemente'
O Arroto da menina MOSCA!

Tum

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...



Mário Quintana

domingo, 14 de agosto de 2011

Caminhante Noturno


No chão de asfalto
Ecos, um sapato
Pisa o silêncio caminhante noturno
Fúria de ter nas suas mãos dedos finos de alguém
A apertar, a beijar...
Vai caminhante
Antes do dia nascer
Vai caminhante
Antes da noite morrer
Vai
Luzes câmera
Canção que horas são
Sombra na esquina
Alguém, Maria
Sente a pulsar um amor muscoloso
Vai encontrar esta noite o amor
Sem pagar, sem falar, a sonhar
Vai caminhante...
No chão, vê folhas
Secas de jornal
Sombra na esquina
Alguém, Maria
Pisa o silêncio caminhante noturno
Foge do amor
Qua a noite lhe deu sem cobrar,
Sem falar, sem sonhar
Vai caminhante...

Os Mutantes

Composição: Arnaldo Baptista/Rita Lee

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Para Além!

Para além da visão
Além do meu alcance
Esta o que sinto agora

Lá fora esta o meu coração
Longe de mim distante
Cheiro de rosa e gosto de amora

Ora quero com H
                                  Jeito quero com G
                                 Que meu coração seja com SS, Porra!


Tum

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Que? Jo

Foto: Letícia
Frase: Caio Fernando Abreu
Quero alucinar os meus sentidos
Quero sentir minhas razões
Quero radicalizar as ilusões
Quero lógicas sem sentidos
Quero sentimentos racionais
Quero  raciocinar o coração
Quero comover o racionalismo
Quero fusão entre corpo louco e mente sã
Quero a sapiência do latido do cão
Quero a mentira verdadeira
Quero a verdade da ilusão
Quero blábláblá na sexta-feira
Quero o tim tim da comunhão
Quero o alívio depois da coceira
Quero que o quero se foda
Quero fundir o raciocínio
Quero que o muro se exploda
Quero riscar o corpo
E quero entender a emoção
Enfim, quero ser o que sou
No meio de mim
No meio desta confusão.

Tum

Cicatrizes

Na vida há marcas,
Há pessoas lindas,
As marcas da vida são bonitas!

Não temos que esconde-las,
Reprimi-las, embala-las, acanhá-las,
Sumi-las, encaixotá-las e/ou maquiá-las.
Temos que escancará-las

Exponha as entranhas,
Coloque o decote, assuma-as,
Deixe-as descabeladas!

Vamos chocar as pessoas fachadas,
Cabeças pequenas, fadadas,
Atitudes fracas, dissimuladas,
Falsas moralistas, desmoralizadas.

Mostrar ao mundo e pras amigas
As cicatrizes e as rizadas,
Mesmo com atitudes envergonhadas


Vestir de mini-saia as fraquezas,
Abrir as pernas das ignorâncias,
Todas elas, por mais estranhas,
Expor o ridículo das inseguranças

Assuma os defeitos das medonhas
Aparências no espelho refletidas;
Tire-as de dentro das almas,

Deixe o medo sair, denudando-as! 
Dentro de cada palavra que habitas,
Em todas as gotas de lágrimas,
A cada suspiro, cada pulsar das veias.


Com o interior vazio das malas,
Cheio de ares e nadas,
Sobram algumas marcas;

Deixadas nos blogs e páginas,
Nos cadernos, guardanapos, cadernetas,
Ou mesmo só nas lembranças, 
nos toques, nas mágicas.


E tu talvez esteja cheia de perguntas,
A cabeça cheia de minhocas,
Aquelas dúvidas com cor de sombras. 

O porque do feminino e do ventre, elas
São palavras masculinas?
E essas rimas?
Porque resolveu usa-las...


Andas com as idéias nas luas,
Digo que é simples, fácil imaginá-las,
Essas Pluralidades malucas.

É porque juntas
Nos tornamos lindas.
Ainda mais;
Somos duas!



Tum
(20/06/11)
(ainda em construção ainda em...)


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SOCOTERAPIA

Soco soco soco terapia (3x)
Soco terapia
Soco na barriga
Soco na virilha
Pra relaxar!
Veias e varizes
Rugas e celulites
Estrias e gastrite
Eterna tpm!
Soco soco soco terapia (3x)
Socoooooooooo!
Olhos esbugalhados
Cabelo cabeludo
Pelo no sovaco
Soco no meu saco!
Vou socar o padre
Vou socar a Barbie
Soca o travesseiro
Vamos socar junto!

Tum
(música feita para o espetáculo Circo AIAIAI do grupo AiAiAi)


é, acontece q aconteceu!



A meia Naite


A meia noite
Os bixos comem
Pessoas passam fome
Polícia mata  homem

A meia noite
O escuro predomina
Os manos procuram minas
Salve a América Latina

A meia noite
A cidade desaparece
O meu amor cresce
Mãos rezam uma prece

A meia noite
O sol se dana
A luz me engana
Eu como banana

A meia noite
A vida começa
É como uma peça
Só que, sai dessa!

A meia noite
Os ratos fazem a festa
A boneca tira uma cesta
E você, come o que resta.


Tum, +- 10 anos atrás 




PRAIA

Tum, curso de Desenho Expressivo com Maria Pacca, 2011
Sentimento confuso
Difuso no intimo do
Que aquilo já foi, não é
Assim como, dilacero
Meus neurônios com
O que já se tornou
Algo incompreensível aos
Olhos que não veem
Aquilo que está lá
Misturado bem aqui
Dentro do que já foi
Lindo sorriso
Confuso e medroso
O bem e o mal num
Só gesto de palavra
Dita pelo lamento
De quem é
Apaixonada.




Tum, (31/12/07)