A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dança Tribal

Amarelados de tanto prazer
Abafados de neblina ardente
Ao unir felicidade com dever
Não se sabe, o tempo passa ou mente?

Desligados da realidade
O mundo vira apenas delírio
Com cochichos sem finalidade,
Abraços, desejos e estilo

Fogo se alastra, consome tudo
Não deixa que cansados corpos
Parem de agir; cérebro mudo

Se realiza sobre instante final
(segundos onde o tempo é mais longo)
                                          Grito!, gemidos... Acaba o ritual.


Tum
(poema de + de 10 anos
desenho de 2010)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

foto by Leo
Para você
não Há vida sem Há morte,
mas se Há morte não Há vida,
por isso Há vida sem Há morte
é um HAHAHAHAHAHA.


(poema de + de 16 anos atrás)

terça-feira, 26 de abril de 2011

fragmentos de Eva

*
Eva fonte
se devora
(tum 2005)
sôfrega
de amplexo
e reflexo

Vento,ventosa
rubra de sol e pálida de lua
Eva se demora
travessia

A corrente escolta
o corpo transparente
medusa
caravela

Eva 
na margem nua
lança
sua audácia
de navegadora lassa


*
Eva na folhagem
Eva na ramagem
Eva na aragem
            Eva: margem
(Salvador Dali)

Eva pousa
a mão ávida
na casaca sáfara
da arvore da vida

Eva, somente
Eva, de repente
Eva, oblíqua
Eva: bífida
           semente

Eva carece
de seu corpo
junto ao fruto
de sua ousada mente

Eva: colhe
Eva: dente
Eva: pomo
Eva: oferenda

Eva conheceu
da árvore secreta
Eva se escolhe
Eva se penetra

*
Eva
em seu instante
é a saliva
que desliza
pelo dente
a mão
passando rente
ao corpo
da serpente
pelo pomo
da sapiência

Eva
(Tunga)
em sua constância
é o corpo
que desliza
rente ao dente
a mão e o pomo
que comungam
a sapiência
a saliva
da serpente

Eva
em sua demência
fica louca
de sapiência
crava o dente
corta o pomo
que desliza
na saliva
pelo corpo
no instante
da serpente

Eva
em seu corpo
se batiza
de saliva
mordeuiva
sarçardente
Eva traga
o inferno
e a serpente

*
Picada de pecado
(Nobuyoshi Araki 1996)
Eva se contempla
na pureza da matéria
Eva se entrega
ao rumo descoberto
de visgo, do travo
da polpa e dos frutos
de seu corpo

E assim de tudo o que o Criador lhe houvera posto
Eva conheceu e refez mais a seu gosto
foi ela então que se abriu em gomos toda
mal contida pela própria pele, no êxtase dos sumos

*
Eva em sua fuga
Eva que se afaga
Eva se afoga
seu corpo
se desfaz
na corrente
(Tum 2005)
de seu sangue
Eva morta
Eva corta
Eva assalta
pelo leite
da revolta
pelo leito
Eva uva
Eva ave
Eva abrasa
pela sede
de sua fonte
Eva ponte
Eva arado
Eva rente
saliva
seio
medusa
onde ancoram
ouriços e sargaços

Flavio Aguiar



(me arrisco colocando poemas realmente bons, não para compará-los com os meus, longe de mim, mas para mostrar um pouco do que gosto...)

OVELHA NEGRA

Contra o coração da bomba
(By tum 1999)


contra baionetas e fascistas


contra a covardia


contra o modo imperativo

 /e as razões de Estado


contra o oficial, o oficioso, o porta-voz

 /as fontes bem informadas

 /os observadores diplomáticos

 /e todos os profissionais do anonimato


contra o serviço militar obrigatório

 /e o voluntário


contra os ismos a esmo

/e a favor de todos os sismos


contra a liberdade do gambá no galinheiro
(by tum 2005)


contra o extermínio da Amazônia, do Cerrado

 /do Pantanal, da Araucária, da Baleia

 /da Serra do Mar, da Ema e do Condor


contra o capital e a favor do trabalho


contra o trabalho e a favor da preguiça


contra a liberdade de expressão dos censores

 /ditadores e puxa-sacos


contra a paciência do capacho

 /e a impaciência do sapato


contra os preconceitos, os preceitos

 /as receitas de todas as cores


contra o branco imaculado


/e a favor do arco-íris


contra o analfabetismo

 /e a favor do analfabeto

(by tum 2005)

contra o sabor artificial


contra a aristocracia do espírito

 /e o espírito de massa


contra o a favor e a favor do contra


contra tudo e a favor do todo


contra o consumo da necrópsia



 escrevo e assino embaixo: utópsia





Flavio Aguiar

sábado, 23 de abril de 2011

Quero Quero





Quero velas
Pra queimar meu coração
Quero incenso
Pra defumar meu intelecto
Quero flores
Pra preencher os dedos das mãos
Quero perfume
Pra disfarçar meu aspecto
Quero cogumelo
Pra colorir minha aflição
Quero álcool
Pra distorcer meu reflexo
Quero sozinha
Só nos momentos de criação
Quero junto
Muito mais além do sexo.


(Tum)

26/11/2006

(Tum)
Desenho de +- 15 anos atráz   

Pérola Negra

Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou de amando
Baby, te amo, nem sei se te amo
Tente usar a roupa que eu estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola Negra, te amo, te amo
Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo
Tente entender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro querendo eu te empresto
Se inteire da coisa sem haver engano


Luiz Melodia

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Criação

Campos, rosas
Casas, prédios
Partes porosas
Pertencem ao ódio

Raiva guardada
Do Criador
Que criou o nada
O ser e sua dor

Em seus sonhos melancólicos
O pensamento resolve instituir
Pôs no ser só os diabólicos
Para ele se auto-destruir

A raiva, viver só nos céus
Fez sua imagem, semelhança

Viver só...

No caos desta cidade imensa.

(poema de + de 10 anos atrás)

S.P.

Idéias fervendo
Pensamentos borbulhando,
Neurônios, convulsão,
Batidas aceleradas, coração.

Pulso intenso,
Febril, chapado
Zumbido, inseto
No peito bloqueado.

Melancólicos espirros
Liberam pouco da dor,
Respiração aliviada... Suspiros
Apenas miragens, um sonhador.

Esta cidade resfriada,
Suja, abandonada
Consegue dominar seus moradores
Alienados, sentem-se felizes com suas dores.

Poema de + de 10 anos atrás
fotos do espetáculo 'funambulos'
SESC pinheiros e caixa cultural

O Coração

Os olhos pesados
A vontade do nada
A garganta reclama
O coração pulsa e para


A água chiando
O fogo ligado
A comida esfriada
O coração pulsa e para


Os sonhos pesados
A lágrima do nada
O coração pulsa e para


A cabeça chiando
O corpo ligado
O coração pulsa e para.


(poema de 2009)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Verdade Incôndita De minh' Alma


Na ausência do ausente
Presente, recebo uma vaia
Que caia essa cortina
Clima, se sente na mente.

Envergonhada quero sumir
Subir no primeiro anjo
Arranjar outra e sair
Ainda tenho sexto fôlego.

No improviso da vida
Certeza ficou lá traz
Pano preto, palco, coxia
Presa nas palmas, surpresa se faz.

Respiro novamente
Essência da recaída
É somar os pagantes
Ausentes da minha ausência.

Na saída da chegada
Atravesso sorridente
Consegui engolir a charada
Consegui enganar os vaiantes.


(poema de +- 3 anos atráz
foto1; 'piano na praça'
foto2; espetáculo 'Stapafúrdio' 
Circo Roda)

transitio transigere






Debaixo dos pés
de laranjeira pitanga
Se esconde
Um ser Animado







Demasiado pequeno
aos pés do Ser concreto
Na sombra fria da pedra
Aliena-se, um Ser discreto.



(poema de + de 15 anos atrás)                                                 
 (fotos by Tum; Itapecerica da Serra e S.P.)

TUNGA

Artista Plástico: TUNGA

O Homem sem braçO

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Da Maior Importância

Foi um pequeno momento, um jeito
Uma coisa assim
Era um movimento que aí você não pôde mais
Gostar de mim direito
Teria sido na praia, medo
Vai ser um erro, uma palavra
A palavra errada
Nada, nada
Basta quase nada
E eu já quase não gosto
E já nem gosto do modo que de repente
                                                      Você foi olhada por nós
(foto by Tum)
Porque eu sou tímido e teve um negócio
De você perguntar o meu signo quando não havia
Signo nenhum
Escorpião, sagitário, não sei que lá
Ficou um papo de otário, um papo
Ia sendo bom
É tão difícil, tão simples
Difícil, tão fácil
De repente ser uma coisa tão grande
Da maior importância
Deve haver uma transa qualquer
Pra você e pra mim
Entre nós
E você jogando fora, agora
Vá embora, vá!
Há de haver um jeito qualquer, uma hora!
Há sempre um homem
Para uma mulher
Há dez mulheres para cada um
Uma mulher é sempre uma mulher etc. e tal
E assim como existe disco voador
E o escuro do futuro
                                                     Pode haver o que está dependendo
                                                     De um pequeno momento puro de amor
Mas você não teve pique e agora
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Você não teve pique
E agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Mas você
Não teve pique
E agora
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique


Caetano Veloso

RODA VIVA

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...(4x)

Chico Buarque                                                                                                                                Foto: Show do TM no Carioca Club 2011