Para mi corazón basta tu pecho,
para tu libertad bastan mis alas.
Desde mi boca llegará hasta el cielo
lo que estaba dormido sobre tu alma.
Es en ti la ilusión de cada día.
Llegas como el rocío a las corolas.
Socavas el horizonte con tu ausencia.
Eternamente en fuga como la ola.
He dicho que cantabas en el viento
como los pinos y como los mástiles.
Como ellos eres alta y taciturna.
Y entristeces de pronto, como un viaje.
Acogedora como un viejo camino.
Te pueblan ecos y voces nostálgicas.
Yo desperté y a veces emigran y huyen
pájaros que dormían en tu alma.
PABLO NERUDA
A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.
às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Um dia desses vi sobre a mesa uma talhada de melancia
"Ângela.- Um dia desses vi sobre a mesa uma talhada de melancia. E, assim sobre a mesa nua, parecia o riso de um louco (não sei explicar melhor). Não fosse a resignação a um mundo que me obriga a ser sensata, como eu gritaria de susto às alegres monstruosidades pré-históricas da terra. Só um infante não se espanta: também ele é uma alegre monstruosidade que se repete desde o começo da história do homem. Só depois é que vem o medo, o apaziguamento do medo, a negação do medo - a civilização enfim. Enquanto isso, sobre a mesa nua, a talhada gritante de melancia vermelha. Sou grata a meus olhos que ainda se espantam tanto. Ainda verei muitas coisas. Para falar a verdade, mesmo sem melancia, uma mesa nua também é algo para se ver."
"Ângela.- Eu me defrontei com o impossível de mim mesma.
Aí, eu desafinei sem querer. Irreal como música. Eu sonolenta e fantasmagórica na noite fechada e cheia de fumaça e nós ao redor da fortíssima lâmpada amarelada, luz que não deixa dormir, como os holofotes agudíssimos que os algozes acendem sobre a vítima da tortura para não deixá-la descansar.
Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as coisas quando as via. Mas cometi o erro grave de pensar."
"Autor.- Faz um dia muito bonito. Chove uma chuva muito fina, o céu está escuro e o mar revoltado. As almas esvoaçam no cemitério, os vampiros estão soltos, os morcegos encolhidos nas cavernas. Aconchego de mistério e terror. Se de repente o sol aparecesse eu daria um grito de pasmo e um mundo desabaria e nem daria tempo de todos fugirem da claridade. Os seres que se alimentam das trevas.
Só me interessa escrever quando eu me surpreendo com o que escrevo. Eu prescinto da realidade porque posso ter tudo através do pensamento.
A realidade não me surpreende. Mas não é verdade: de repente tenho uma tal fome da "coisa acontecer mesmo" que mordo num grito a realidade com os dentes dilacerantes. E depois suspiro sobre a presa cuja carne comi. E por muito tempo, de novo, prescinto da realidade real e me aconchego em viver da imaginação."
"Ângela.- Eu me defrontei com o impossível de mim mesma.
Aí, eu desafinei sem querer. Irreal como música. Eu sonolenta e fantasmagórica na noite fechada e cheia de fumaça e nós ao redor da fortíssima lâmpada amarelada, luz que não deixa dormir, como os holofotes agudíssimos que os algozes acendem sobre a vítima da tortura para não deixá-la descansar.
Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as coisas quando as via. Mas cometi o erro grave de pensar."
"Autor.- Faz um dia muito bonito. Chove uma chuva muito fina, o céu está escuro e o mar revoltado. As almas esvoaçam no cemitério, os vampiros estão soltos, os morcegos encolhidos nas cavernas. Aconchego de mistério e terror. Se de repente o sol aparecesse eu daria um grito de pasmo e um mundo desabaria e nem daria tempo de todos fugirem da claridade. Os seres que se alimentam das trevas.
Só me interessa escrever quando eu me surpreendo com o que escrevo. Eu prescinto da realidade porque posso ter tudo através do pensamento.
A realidade não me surpreende. Mas não é verdade: de repente tenho uma tal fome da "coisa acontecer mesmo" que mordo num grito a realidade com os dentes dilacerantes. E depois suspiro sobre a presa cuja carne comi. E por muito tempo, de novo, prescinto da realidade real e me aconchego em viver da imaginação."
Clarice Lispector
Trechos de 'Um Sopro de Vida (Pulsações)'
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Hoje voltamos todos a Brasília
Por Flávio Aguiar
Hoje voltamos todos a Brasília
Com os despojos do nosso eterno presidente
Seremos recebidos todos com as honras e as cicatrizes de um futuro que não houve
E de um passado que não passa
Hoje voltamos todos a Brasília
Para cantarmos tudo o que não cantamos
Arrepanhar as almas penadas que ficaram dentro de nós
As dos que se foram antes do tempo
E a nossa que aos pedaços com eles também se foi
Hoje voltamos todos a Brasília
Levamos em nossos olhos
Os olhares dos que ficaram para trás
Mas deixaram suas marcas em nossas retinas
E levamos junto os olhos de nossos filhos, de nossos netos
Com a esperança de que eles não vejam o que vimos
O futuro ser roubado de gerações inteiras
Hoje voltamos todos a Brasília
Com o peso do que perdemos no coração
E as asas
E as asas
E as asas
Batendo nas vidraças
Passando pelas grades
Ruflando na escuridão
Entre as estrelas
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
As linhas da minha Mão
As linhas da minha mão
Vão crescendo se
alongando conforme
os anos vão me passando.
Vão fazendo seu
caminho confundindo
minha história influindo
o curso do meu rio.
As linhas da minha mão
Caminham sozinhas
enquanto eu fico
olhando fico
ouvindo fico
finjo farofa.
Elas escrevem
roteiro que sigo,
elas seguem a
vida que vivo.
As linhas da minha mão
Vão e vem,
vêem e calam-se
em calos momentos
escolhidos a dedo,
do trapézio ao quadro,
do volante pro portô.
É esta simbiose que mudo
e que muda o que sigo
e me segue onde fico.
Como sangue na palma
da alma da mão.
Tum
Meu Momento Prãna
Do sorriso à lágrima,
Da solidão à raiva,
Da angústia ao drama,
Em segundos o todo se forma.
Num momento de calma,
Numa ruptura do quarto de hora,
A mente insana reclama chama.
... E assim vai Havana,
E assim vem Savana...
E assim vou eu sacana.
Nessa inconstante maratona
Da lama ao caos, do bar pra cama,
A lagrima de la sonrisa pífana!
Tum
Foto1: Portugal 2005
Foto2 de Ligiane Braga
Assinar:
Postagens (Atom)