A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

CansadA

  Cansada da vida, cansada das escolhas, cansada das decepções, lançada na vinda, lançada na encolha, lançada nas ilusões, alçada do vivendo, alçada nas encostas, alçada das alusões, Calçada de vento, calçada de estopa, calçada nas relações, Ilhada em velas, ilhada de esmolas, ilhada das concepções, caçada na vida, caçada nas escolhas, caçada das decapitações, salada de frutas, salada de escarola, salada de espigões, Içada do Viva, Içada nas inCertezas, Içada de opções, calada vivida, calada e desfolhada, calada de emoções, Camada de vida, camada de certezas, Camada de Ah Lucinações...

Tum Aguiar

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"ISTO NÃO É UM LAMENTO, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranqüila. O beijo no rosto morto.
 Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.
 De repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é.
 Hoje está um dia de nada. Hoje é zero hora. Existe por acaso um número que não é nada? que é menos que zero? que começa no que nunca começou porque sempre era? e era antes de sempre? Ligo-me a esta ausência vital e rejuvenesço-me todo, ao mesmo tempo contido e total. Redondo sem início e sem fim. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar. Mas ao mesmo tempo tudo é tão fugaz. Eu sempre fui e imediatamente não era mais. O dia corre lá fora à toa e há abismos de silêncio em mim. A sombra de minha alma é o corpo. O corpo é a sombra de minha alma. (...)"

Clarice Lispector
Trecho de 'Um Sopro de Vida (Pulsações)'

sábado, 7 de setembro de 2013

Salut Bijou

Salut bijou, comment ça va?
Vem cá chuchu, que eu vou te dar
un bisou très bien donné

J'ai un truc à dire une idée
comme ça génial
Que tal venir mon coeur
Diner chez moi, avec moi ce soir
Viens chez moi, avec moi ce soir

Eu quero te espero
Se tu deixar de lero lero eu não deixo a peteca cair
Tem bogorodó, ziriguidum, tem telecoteco
Se quiser chegar é pode vir

Ça va marcher très bien, mon amour
T'inquète pas... besteira
On peut essayer
Qu'est-ce que tu me dis?

Au revoir bébé c'était super te ver
nous avons fait déchirer
Mais oui encore, on va cartonner
Mais oui encore, on va cartonner

Letra: Ieda Cruz e Cris Monteiro
Música: Ieda Cruz


escritor e seus múltiplos vem vos dizer adeus.
Tentou na palavra o extremo-tudo

E esboçou-se santo, prostituto e corifeu. A infância

Foi velada: obscura na teia da poesia e da loucura.

juventude apenas uma lauda de lascívia, de frêmito

Tempo-Nada na página.

Depois, transgressor metalescente de percursos

Colou-se à compaixão, abismos e à sua própria sombra.

Poupem-no o desperdício de explicar o ato de brincar.

A dádiva de antes (a obra) excedeu-se no luxo.

Caderno Rosa é apenas resíduo de um "Potlatch".

E hoje, repetindo Bataille:

"Sinto-me livre para fracassar".
Hilda Hilst

FuRaDa

Quando o sonho dos outros
Torna-se o seu pior pesadelo
Tu se torna o brinquedo quebrado
Jogado numa estrada em movimento

Desesperar descompreendido
Solidão sozinha solitária
Só o tempo, empo, pó
Pô, empo, tempo só....

Qual palavra que tu não disse?
Que gesto se foi, a mais?
Em que momento a barreira cresce?

Vida se torna vazia, vendida
Sonhos sedo rasgados espalhados
Estrada construída em cima de sofrimento
Tum
Algum tempo atrás

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

13/08/13

estagnação
estaca fincada
em coro enrolada
molhada de
indignação
mindinho enfiado
no olho esquerdo
do pé sem unha
ação e reação
não me responsabilizo
por nada
nem por ninguém
sinto calada
tudo vai 
tudo volta
quando ver
espero que sobre
amor na mão


Tum

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Grito sufocado na Garganta

O Grito sufocado na garganta
Arranha a laringe
Sufoca tudo que canta
Palavrão mal digerido
Palavrinha entalada na balança

Escápula rachada luxuosa
Cabeça, cabaça mal formada
Beleza destina desgraçada
E A bunda toda cagada

Mãos cheias de calos
Mamilos mal chupados
Pés dormentes achatados
Olhos vermelhos esbugalhados

O Grito sufocado na garganta
Arranha a esfinge
Sufoca tudo que conta
Palavrão deglutido
Palavrinha enforcada na vesícula
Laringe pusenta inflamada
Narinas ranhentas descascadas
Arritmias sólidas compassadas
Barriga gorfada invasiva

Pulmão levemente manchado
Punhos superficialmente cortados
Seios olhando para outros lados
Ventre escaldante afogado

O Grito sufocado na garganta
Arregala a laringe
Sufoca o todo que corta
Palavrão esculpido
Palavrinha enfiada na poupança

Pernas roxas ancoradas
Unhas maldosamente comidas
Artérias pulsando lágrimas
Boca cuspindo larvas

Orelha surda furada
Tímpano estourado por nada
Pupilas desvinculadas da rotina
Costelas furando a gordura acumulada.

Tum Aguiar
+- 2008