A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.


às vezes tenho vontade de entrar dentro de mim e arrancar fora este buraco que habita em mim, dai então, pular pra dentro dele!
Turmalina Antônia

sábado, 21 de abril de 2012

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca; 
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...


Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...


Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...


Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso 
Mas a outra metade é um vulcão...


Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...


E que a minha loucura seja perdoada 
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.





Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SORRIA

Saudade do Peréba!


"se a loucura bate à porta
abra-a
e a receba com carinho
ofereça a ela aguardente boa
arda
se arder, deixe-a voar
sua sala pode não suportar o voo
abra o telhado
deixe o céu entrar também
quanto mais, melhor
se o céu-loucura-vida
se indiferenciarem
abra agora sua cabeça
sim,
é necessário um pouco de ar
talvez até uma ventania
para tirar o pó que se acumula
debaixo de tantos telhados.

já de consciência limpa
abra o peito
com faca imaginária
ou afeto suave de doce lembrança

ali está a verdade
sem pó
nem telhado
com muito céu-loucura-vida
sol luz mato desejo tesão
e ali pode ser que o casamento dê certo
um pouco de abrigo
um sono confortável
muita luz e calor, pro frio se sentir à vontade
aquele amor na comida boa
e vez em sempre
um voo livre:
risada.

a vida é uma piada
aguardente boa." 


Diogo Rezende